Conferência Internacional

MUDE - Museu do Design, Lisboa

30 e 31 Janeiro 2025

Conferência


Até 22 de setembro de 2024, a chamada está aberta para comunicações de 20 minutos, com ou sem publicação de artigo no International Journal of Film and Media Arts.

Conferência inaugural do projeto Visions of the Future, organizada em parceria pelo MUDE - Museu do Design e pela COFAC (Universidade Lusófona), com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.


A iniciativa terá lugar na baixa da cidade de Lisboa, no MUDE, e pretende fornecer uma plataforma conceptual (política, cultural, metodológica) a partir da qual se possam desenvolver atividades futuras. O objetivo é lançar as bases interpretativas do projeto através de um convite à participação da comunidade de investigação e/ou práticas especulativas de Design.


Visions of the Future* é um projeto de investigação colaborativo que indaga o papel da comunicação visual na paisagem política única da Península Ibérica (e todos os outros territórios dentro da Espanha e Portugal) durante sua transição para a democracia no final do século XX. Através da parceria com investigadores e instituições, o projeto espera identificar, investigar e partilhar este vibrante legado cultural, oferecendo uma compreensão mais profunda de um período histórico europeu crucial.


O objetivo da conferência é explorar metodologias que contribuam para uma interpretação da emergência dos arquivos em design, indo além da perspectiva historicista e sequencial, abrindo-os à transição. Esperamos contribuições que resultem da reflexão sobre a implementação de sistemas democráticos que levaram a um cenário cultural emergente, com movimentos de contracultura desafiando as normas e as ideologias existentes. Através do estudo da cultura visual e do design gráfico, esta conferência procura lançar luz sobre o legado diversificado e vibrante do património cultural na Península Ibérica, contribuindo para uma compreensão mais profunda deste período histórico e cultural crucial.

*Visions of the Future é um projeto-piloto do Iberian Design Archives, uma rede de centros de pesquisa e instituições dedicada a promover o estudo compartilhado da cultura visual entre Portugal e Espanha. O projeto é hospedado pelo DESIGN ID (Universidade Lusófona, Lisboa) e pela BAU Research (BAU, Centro Universitario de Artes y Diseño de Barcelona).

Sobre

    As últimas décadas do século 20 foram o palco de um florescimento cultural particular no sul da Europa, que levou a uma rápida modernização desta região. Uma série de movimentos de contracultura moldaram o que viria a ser a cultura contemporânea nesta parte da Europa, especialmente na Península Ibérica, fomentada pela implementação de duas democracias.


    Esta investigação sobre a cultura visual e o design gráfico centra-se na emergência da cultura contemporânea no contexto da implementação de sistemas democráticos na Península Ibérica no final do século 20. Portugal e Espanha partilham não só uma história complexa e secular, mas também contextos peculiares no final da década de 1970: o fim dos regimes totalitários em Portugal, em 1974, e em Espanha, em 1977. Ambos os países partilham pesadas heranças coloniais, raízes latinas, forte domínio católico e, fundamentalmente, a distância geográfica da Europa Central e seus centros culturais.


    Uma complexa cultura de transição atravessou os dois países no difícil processo de superação de décadas de pobreza, censura e costumes e hábitos sociais subdesenvolvidos. Em circunstâncias semelhantes, Portugal e Espanha foram levados a acompanhar o ritmo do desenvolvimento europeu: com a implementação de políticas democráticas, o crescimento económico e a melhoria social, a emergência da cultura popular, a consolidação de hábitos de consumo e a abertura à diversidade cultural.


    Essas transformações ocorreram no âmbito do debate pós-moderno, uma reação ampla e complexa à ideologia modernista, na qual objetos e autores estavam profundamente engajados politicamente e todas as formas de autoridade e estabelecimento de poder eram ferozmente questionadas. A introdução de debates alternativos sobre género, o ambiente, as minorias culturais, alta cultura versus cultura popular foram também uma manifestação deste período de transformação cultural. Uma ampla gama de referências gráficas foram evocadas: símbolos vernaculares, referências históricas, estilos retro, o pastiche e a paródia, gráficos digitais, o techno, o punk, o grunge, numa época de rápidos desenvolvimentos tecnológicos.


    Consciente das relações pouco estudadas e pouco exploradas entre os movimentos que surgiram após uma fase tão determinante do desenvolvimento destes dois países do Sul da Europa e o design – que foram essenciais para moldar a cultura visual atual – este projeto propõe um esforço conjunto de investigadores e instituições diversas, a fim de
    traçar, desafiar, nutrir e partilhar um fascinante legado de património cultural na Europa.



    Temas-chave do estudo

    Devido à sua natureza multidimensional, o leque do estudo é amplo e diversificado. Propomos a sua implementação com base em temas-chave relevantes para a compreensão da complexidade deste período histórico e cultural. Os pontos de convergência de todos os ramos são os objetos gráficos produzidos no âmbito de cada tema, bem como outras formas de materiais visuais. A cultura visual conta com uma variedade de dispositivos gráficos utilizados para fazer uma linhagem crítica deste momento histórico: folhetos, jornais, revistas, cartazes, panfletos, fanzines, grafites ou pinturas murais, banners (artesanais), entre outros. Dada a natureza específica de cada tema, também podem ser considerados meios complementares, como filmes, videoclipes e anúncios televisivos.


    Sem Transição: Modernismo, Antimodernismo, Contramodernismo e Pós-modernismo

    A longa duração das ditaduras em ambos os países (Espanha 1939-1975, Portugal 1933-1974), interferiu na livre circulação de valores e artefactos, quer de ordem social e cultural. O fluxo "espontâneo" da ideologia modernista que provinha da Europa Central não teve uma expressão oficial e plena nos países ibéricos, em parte devido aos eficientes mecanismos de censura operados pelos regimes totalitários e também devido às tradições culturais nacionais de longo prazo baseadas no excepcionalismo histórico. As consequências destas condições culturais tiveram impacto na cultura visual e na sua emancipação no contexto destas democracias recentemente implementadas.


    Movimentos subculturais na Península Ibérica

    As políticas democráticas tornaram-se cada vez mais tolerantes e permitiram a expressão de vários movimentos subculturais no espaço público. A emancipação moral dos hábitos mundanos levou à proliferação de comportamentos sociais, outrora marginalizados pelos regimes tardios. Liderados maioritariamente por jovens gerações, estes movimentos eram profundamente grupais, coletivos, locais, libertários, urbanos e A ficar oculto na 1ª versão tomaram as ruas, a vida noturna, o underground das cidades para reivindicar o seu direito de expressão. As dinâmicas anti-ditaduras, lideradas por estudantes, trabalhadores e intelectuais, muitas vezes reunidos em organizações clandestinas, logo foram confrontadas por processos aparentemente menos politizados que se tornaram modos de expressão micropolítica, como shows de punk rock, desfiles de drags, desfiles de moda, grupos ecologistas, círculos feministas, boates, festas rave e outros que emergiram em todos os centros urbanos, contribuindo para importantes mudanças culturais. Embora existindo principalmente contra a corrente, foi a cultura gráfica que muitas vezes facilitou a comunicação, a auto expressão e a expressão coletiva, bem como o sentimento de pertença destes grupos.


    A Revisão feminista / Histórias apagadas

    Desafiando uma perspetiva histórica dominada pela representação masculina no campo do design gráfico, que levou a uma esmagadora sub-representação das mulheres na história do design gráfico e da cultura visual, este estudo abre caminho para a inscrição de mulheres e outras pessoas ignoradas na história do design gráfico durante este período na Península Ibérica.


    A Perspetiva Decolonial

    Os processos de descolonização ocorreram em condições diferentes em ambos os países, com impactos variados nos países colonizados e seus cidadãos. Levou à emergência de novas formas de expressão e ajudou também a abrir estas sociedades a novas ideias e influências. Em Portugal, o processo ocorreu abruptamente no rescaldo da Guerra Colonial, cuja uma das consequências mais imediatas foi o regresso de milhares de famílias emigrantes portuguesas a África. Os "repatriados" contribuíram para ampliar a diversidade social e a cultura visual, trazendo valores mais tolerantes e comportamentos menos conservadores em relação às minorias raciais e de género. Em Espanha, o período de transição ocorreu com pouca reflexão sobre o passado e o presente coloniais, como visto no Saara Ocidental e nos enclaves espanhóis em Marrocos, muito menos em relação à memória colonial americana. No entanto, o intercâmbio cultural entre vários países americanos e a Espanha, especialmente devido à migração de milhares de pessoas que fugiam de ditaduras no continente sul-americano, levou a importantes desenvolvimentos no campo do design gráfico e da edição.

Programa


Conferência de 2 dias
1 orador principal de manhã, seguido de 2 a 3 sessões de comunicação de menor dimensão.
1 orador principal à tarde, seguido de 2 a 3 sessões de comunicação de menor dimensão.
Cada orador principal terá uma apresentação de 30 minutos, seguida de um debate de 15 minutos.
Os oradores da sessão têm 20 minutos de apresentação, seguidos de 15 minutos.

A conferência deverá ser gravada, posteriormente disponibilizada online.

Todos os participantes terão acesso gratuito às exposições em curso do Museu


Os bilhetes irão ser disponibilizados depois do dia 18 de Outubro...

Chamada

Chamada para comunicações de 20 minutos até 30 de Setembro 2024.
Propõe a tua participação com a submissão de resumo com 300 palavras. Cria o teu perfil para sugerires a integração do teu trabalho nos painéis temáticos disponíveis.
Aceitam-se participações em português, espanhol e inglês.
Com possibilidade de publicação de artigo numa edição especial no International Journal of Film and Media Arts, FilmEU/Universidade Lusófona (Scopus Q2).


Para submissão registe-se.


O resultado das submissões será divulgado a 18 de Outubro 2024.

Painéis temáticos

  • 01 – POLÍTICA E MATERIALIDADE DOS TERMOS: ARQUIVOS | IBÉRIA
  • - O que é um arquivo de design hoje? Que metodologias de políticas de leitura e aquisição podem ser implementadas para trazer à tona novos quadros de interpretação?
  • - Design e património: como a configuração patrimonial entre altas e baixas culturas afeta a produção de arquivos e memória?
  • - Culturas e sociedades ibéricas: a formulação de políticas de um termo problemático
    • 02 – CULTURA E LINGUAGEM: SOCIEDADES EM TRANSIÇÃO
  • - O modernismo e o contexto ibérico: pós-modernismo, antimodernismo, contra modernismo, modernismo? Entre mitos: Homologação e excepcionalidade. Norte e Sul.
  • - Consumo e consumismo: Portugal e Espanha como laboratórios neoliberais e a influência de uma mudança no design
  • - O impacto do design gráfico (também industrial, de produto, espacial) nas classes médias e subculturas. Entre a criatividade e a domesticação.
  • - Marca nacional: democracia, memória e mercados globais (pavilhões nacionais, turismo, soft power, instituições financeiras, corporações)
    • 03 – HISTÓRIAS APAGADAS: DA REVISÃO FEMINISTA À PERSPECTIVA DESCOLONIAL
  • - Revisão feminista da história do design gráfico em Portugal e Espanha
  • - Design, colonialismo, materialidade e transição política
  • - Exilados e design em Portugal e Espanha
  • - Transição e subculturas de design. De práticas politicamente engajadas a atividades centradas na comunidade. O papel das comunidades "periféricas" (feminista, LGTBIQ+, ecologista, música pop, revistas, banda desenhada, publicação DIY)
    • 04 – LINGUAGEM E PESQUISA EM DESIGN
  • - Discussão sobre modelos de investigação e resultados para um Arquivo Ibérico de Design (IDA)
  • - Métodos, ferramentas e processos de investigação alternativos para a descolonização da história do design
  • - Perspetivas interdisciplinares na investigação em design
  • Principais oradores

    A Anunciar Brevemente...

    Comissão Executiva


    Bárbara Coutinho, Diretora do MUDE – Museu do Design; Professora associada convidada (IST/UL) e investigadora do CITUA – Centro de Inovação em Território, Urbanismo e Arquitetura.


    Luís Alegre, Diretor do DELLI (Design Lusófona Lisboa); Diretor da Licenciatura e Mestrado em Design de Comunicação (Lisboa), na Universidade Lusófona.


    Francisco Laranjo, Professor Associado na Central Saint Martins, Editor da revista de crítica de design Modes of Criticism, Co-director do Shared Institute, Professor Auxiliar na Universidade Lusófona, Lisboa.


    Jaron Rowan, BAU, Diretor de Investigação e coordenador da Unidade de Doutoramento da BAU, Collegeof Arts and Design of Barcelona.

    Comissão Organizadora


    Patrícia Cativo, Professora Auxiliar no curso de Design de Comunicação da Universidade Lusófona, Lisboa, coordenadora do Projeto VoF.


    Jorge Marzo, Professor na BAU, Faculdade de Artes e Design de Barcelona e membro do GREDITS, Grupo de Investigação em Design e Transformação Social.


    Inês Correia, Conservadora coordenadora do MUDE - Museu do Design, com particular responsabilidade pelas coleções de Design gráfico.


    Comissão Técnico-Científica


    A Ser Anunciado...

    Parceiros



    info@visionsofthefutureconference.com
    Mude - Museu do Design
    Rua Augusta, 24
    1100-053 Lisboa, Portugal